quinta-feira, 18 de junho de 2009

O Twitter, o Jornalismo e a Publicidade- a Reflexão Final

Começo este post com um slide sobre a "Profissão Jornalista".
Sendo esta a Reflexão Final desta minha investigação sobre a Influência do Twitter no Jornalismo e na Publicidade parece-me importante começar por relembrar alguns valores de uma profissão que espero conseguir vir a exercer futuramente.



Relembrados que estão os direitos e deveres dos jornalistas quero frisar o artigo 3º do Estatuto do Jornalista:

1 - O exercício da profissão de jornalista é incompatível com o desempenho de:

  • a) Funções de angariação, concepção ou apresentação de mensagens publicitárias;
  • b) Funções remuneradas de marketing, relações públicas, assessoria de imprensa e consultoria em comunicação ou imagem, bem como de orientação e execução de estratégias comerciais;


2 - É igualmente considerada actividade publicitária incompatível com o exercício do jornalismo o recebimento de ofertas ou benefícios que, não identificados claramente como patrocínios concretos de actos jornalísticos, visem divulgar produtos, serviços ou entidades através da notoriedade do jornalista, independentemente de este fazer menção expressa aos produtos, serviços ou entidades.

3 - O jornalista abrangido por qualquer das incompatibilidades previstas nos números anteriores fica impedido de exercer a respectiva actividade, devendo depositar junto da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista o seu título de habilitação, o qual será devolvido, a requerimento do interessado, quando cessar a situação que determinou a incompatibilidade.

4 - No caso de apresentação de mensagens publicitárias previstas na alínea a) do n.º 1 do presente artigo, a incompatibilidade vigora por um período mínimo de seis meses e só se considera cessada com a exibição de prova de que está extinta a relação contratual de cedência de imagem, voz ou nome de jornalista à entidade promotora ou beneficiária da publicidade.

Encontrando-se claro este ponto do Estatuto do Jornalista passemos à Reflexão em si.

REFLEXÃO FINAL

Ao iniciar esta pesquisa deparei-me com diversos problemas. O primeiro foi, sem dúvida, o facto de nunca ter efectivamente reflectido sobre o que significaria o Twitter para o Jornalismo ou para a Publicidade. O segundo foi o facto de apesar de como qualquer pessoa utilizar regularmente a Internet nunca ter tido um blog, muito menos ter tido qualquer experiência (com resultados) no Twitter.

Ultrapassados esses problemas posso começar por dizer o quão aliciante o Twitter se pode tornar. Eu própria fui vítima do fascínio do Twitter ao receber respostas de pessoas como o escritor José Couto Nogueira que partilhou comigo a sua opinião de que "o Twitter já tem influência, mas tende a ter cada vez mais", já para não falar de ter conseguido através desta ferramenta três das entrevistas disponíveis aqui no Influências e que, sendo redundante, me influenciaram com as suas opiniões permitindo-me formular uma opinião mais clara sobre o tema.

Ao longo do blog fui lançando algumas questões. Por uma questão de justiça para com todos os entrevistados do Influências irei agora respondê-las:

-Se nos meios de comunicação tradicionais sempre existiram problemas/renitência em associar o Jornalismo e a Publicidade, embora ambos sejam ferramentas da Comunicação como será possível no meio digital (neste caso no Twitter) o leitor diferenciar publicidade de informação?

Na minha opinião e após várias pesquisas é possível sim que o leitor diferencie publicidade de informação. Digo isto no sentido em que se de facto por algum motivo um jornalista decidir fazer publicidade no seu Twitter e esta for feita de forma dissimulada o seu público certamente aperceber-se-á disso dado o carácter de exposição pública que o Twitter tem. Em conversa com o jornalista Alexandre Gamela no Twitter ele disse-me algo que me parece ser a principal razão para ser tão complicado um jornalista fazer publicidade no Twitter: "a reputação do jornalista é criada directamente com o seu público.É muito fácil ser-se apanhado agora. Vive-se com isso."

-Poderá o Twitter vir a servir de fonte jornalística no futuro?

Pegando nas palavras de Paulo Querido na entrevista ao Influências: "No futuro? Não. O Twitter está a influenciar os jornais HOJE. ". Não quero com isto dizer que o Twitter possa servir de fonte jornalística, quero antes dizer que é um meio do jornalista ter acesso a fontes de informação. Quem experimente o Twitter poderá comprovar isto: é muito simples contactar com pessoas das mais diversas áreas, das mais diversas partes do mundo, com os mais diversos interesses. É imediato, rápido e instantâneo, as notícias podem circular a uma velocidade espantosa e os jornalistas e os jornais devem saber dar valor ao potencial desta ferramenta. Afinal, como Alexandre Gamela disse em entrevista ao Influências: "o Twitter não é uma rede de difusão, mas um canal de partilha".

-Tornar-se-á esta ferramenta um apoio aos jornais online ou um rival?

Jamais poderia ser um rival e na minha opinião devido precisamente aos 140 caracteres permitidos no envio de mensagens. Um jornal é mais que isso. Agora quando pensamos nas vantagens de um jornal ter um Twitter a conclusão é outra: não só faz todo o sentido, como é necessário. Tanto pela possibilidade de proximidade com uma comunidade sempre em crescimento, como pela forma de divulgação dos conteúdos publicados no jornal.

-Onde fica a credibilidade e a ética tendo em conta que não existe nenhuma entidade reguladora do Twitter?

A credibilidade e a ética ficam dependentes do desempenho de cada um no twitter, uma pessoa que não possua credibilidade dificilmente terá followers, ou se tiver, dificilmente os seus twitts terão qualquer crédito. Quando fiz esta pergunta não estava consciente da dificuldade que seria a existência de uma entidade reguladora para o twitter. O ideal será a auto-regulação por parte de quem escreve. Existe uma necessidade crescente de bom senso, quando alguém utiliza o Twitter tem que estar consciente que tem pessoas a ler o que escreve e que essas pessoas podem comentar em tempo real com outras o que é dito, se não for credível estará a manchar o seu nome e isso, mais que ser prejudicial para quem lê é prejudicial para o próprio. No caso dos jornalistas isto agrava-se, pois trabalha-se para o público e é necessária uma imagem o mais credível possível, para tal a ética não pode ser deixada de lado.

-Existe necessidade de um modelo de negócio para o Twitter?

Tendo em conta os dados estatísticos do census do Twitter parece-me que não, pelo menos não me parece ser o que a comunidade Twitter deseja. Não sei dizer se existe necessidade ou não de um modelo de negócio, o que é certo é que o Twitter desperta interesse e acredito que vão existir propostas de modelos de negócios para o Twitter. Resta saber se serão aceites.

A minha reflexão final sobre o assunto é a seguinte:

O Twitter já é e pode continuar a ser uma mais valia para os jornalistas. Para isso caberá a cada um zelar pelo respeito do código deontológico, manter a ética e lutar diariamente para manter a palavra "CREDIBILIDADE" associada ao seu nome. Se acho certo um jornalista fazer Publicidade no seu Twitter? Somente acho isso aceitável se esta for assumida, se bem que acredito que os jornalistas devem manter a independência relativamente às marcas.

Como suporte a esta minha reflexão deixo-vos com os seguintes pontos que encontrei no site do Sindicato dos Jornalistas:

5. No exercício dos seus direitos de cidadania, um jornalista é livre de investir a sua credibilidade em apoio a causas e ideias que perfilha e em cuja difusão se sente, por consciência, impelido a participar.

6. O jornalista deve estar consciente de que cada investimento da sua credibilidade é, forçosamente, um desgaste: cada intervenção opinativa aproxima e afasta, ao mesmo tempo, fracções diferenciadas da opinião pública."

Dou por terminada esta reflexão e despeço-me utilizando os 140 caracteres que fizeram parte do meu quotidiano nos últimos tempos:

Obrigada a todos os que colaboraram com o Influências durante esta breve reflexão.Façam como eu descubram o Twitter e deixem-se influenciar!


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